sexta-feira, 27 de junho de 2014

mata de são joão: aumento no número de homicídios nos últimos quatro anos

Para o major Orlando Rodrigues, comandante da 53ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Mata de São João), o crescimento do movimento turístico em Mata de São João, que inclui destinos como Praia do Forte, Imbassaí e Sauipe pode ter cooperado com o aumento da violência, que no último ano migrou da sede do município para o litoral. 
“O grupo de Vila de Sauipe tentou invadir Porto Sauipe e houve morte dos dois lados. Os casos (de homicídios) estão pulverizados nos distritos. O ano de 2014 foi atípico no litoral: temos mais gente circulando, mais consumo de drogas, mais fornecedores e essa rivalidade é para abraçar esse comércio”, explica o major.

Segundo ele, o traficante conhecido como Bolego, de Vila do Sauipe, rivaliza com outro de vulgo De Menor, de Porto.  “Fizemos um reposicionamento da tropa por conta dessa situação, o que tem apaziguado a guerra. Cresceram as abordagens e já tivemos esse ano mais de 25 armas apreendidas”, conta.
O major acrescenta que uma possível mudança no perfil de homicídios registrados em Simões Filho pode estar respingando em outras cidades. “Uma impressão da polícia metropolitana é que, com o redução da desova de cadáveres em Simões Filho, que foi o trabalho da Polícia militar nos últimos anos, houve um acréscimo desses casos em alguns municípios, como em Mata de São João”.
Tudo igual
Por uma greve ou por outra, há quatro anos a taxa de homicídios em Salvador e RMS não sofre alteração. O milésimo homicídio deste ano foi registrado um dia antes do que no ano passado, quando a conta foi atingida no dia 17 de junho. Ou seja, o nível de violência foi mantido.
Mata de São João: dívida motiva maioria dos crimes
Feliz nos negócios, o comerciante Daniel Carlos Bispo dos Santos, 50 anos, tinha uma tristeza: o envolvimento de dois filhos com a criminalidade em Mata de São João. Assassinado na cidade no início do mês, não se sabe ainda se sua morte está relacionada ao motivo da sua felicidade ou do seu desalento.
“Ele estava aqui no bar dele, de costas, chegaram de moto e chamaram ele pelo apelido. ‘Batata, me dá uma cerveja aí’. Quando ele virou, atiraram. Eu tenho pra mim que isso foi inveja”, conta Cátia Bispo dos Santos, 29, uma das filhas de Daniel.
O CORREIO ouviu policiais que acreditam que a morte pode ter relação com os filhos presos. “Mais de três anos que eles estão presos, como é que só agora vieram fazer cobrança? Não tem lógica”, argumenta Cátia. O delegado do município não foi localizado. Daniel foi a 34ª vítima dos 36 homicídios registrados em Mata de São João de janeiro até 16 de junho.
Considerando uma das linhas de investigação, Daniel faria parte de um perfil de crimes que vem predominando, como explica o comandante da 53ª CIPM, major Orlando Rodrigues. “Ao contrário de 2013, agora temos mortes mais relacionadas a débito com o tráfico de drogas, não disputa”.
A mudança de perfil, segundo o major, aconteceu com o assassinato de um dos líderes do tráfico da região, em março de 2013. Tiago Batista dos Santos foi morto em uma chacina no bairro de Valéria, em Salvador, deixando espaço para Val Montanha (seu rival, do bairro de Sucuiu) comandar sozinho. Quando o CORREIO esteve na cidade, ouviu de moradores que, embora tenham conhecimento dos casos recente de violência e já comecem a mudar hábitos, ainda preservam uma tranquilidade.
“Se sairmos do estatístico, a sensação de segurança é preservada quando você vê que, embora tenha tido um crescimento de 200%, digamos, são três, quatro mortes no mês”, minimiza Rodrigues (a média é de mais de seis mortes por mês).
Segundo ele, na zona rural, os casos são geralmente associados a brigas de vizinhos e crimes passionais, como a 36ª vítima, José Roque Santos dos Reis, 33, na localidade de Vila Camaçari, possivelmente morto pelo amante da esposa.

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