Os moradores de São Paulo Sibely e Robson
Rodrigues foram passar as férias na Bahia e voltaram com a "doença da
urina preta". Eles chegaram ao estado nordestino no dia 18 de janeiro e
ingeriram peixe nos três primeiros dias na Praia do Forte e em Barra do Pojuca.
Os filhos, de 7 e 11 anos, também comeram, mas não desenvolveram a doença.
"Primeiro, eu comecei com os sintomas: uma dor muito forte na
musculatura na parte de trás da coxa, subiu pela lombar, pelas costas, no
pescoço e, enfim, pelos braços. Na sequência eu não me mexia mais. Fiquei
paralisada", disse Sibely.
O marido apresentou os sintomas cerca de uma hora depois. Ambos tiveram
problemas nos rins e fizeram o xixi preto. "A intensidade da dor é muito
forte. Pra você ter uma ideia, eu já tive dengue. E pra mim, foi muito mais
forte que a dengue. E a cor da urina era cor de refrigerante Coca-Cola",
completou.
Robson teve um grau maior de insuficiência renal, enquanto Sibely
apresentou um inchaço no fígado. Eles precisaram de atendimento em um Posto de
Saúde e em um hospital da Bahia, na cidade de Lauro de Freitas. Na volta a São
Paulo, foram internados no Hospital Paulistano. O tratamento foi à base de
muita hidratação.
Doença em investigação
De acordo com o médico Antônio Bandeira, que investiga a doença na
Bahia, outros casos foram registrados em janeiro no estado. A Secretaria de
Estado da Saúde da Bahia divulgou os dados até o dia 5 de janeiro: 52.
Segundo Bandeira, a causa mais provável é a intoxicação por peixe. Outro
especialista, o médico Gúbio Soares, acredita na possibilidade de um vírus -
ele analisou o caso de uma mulher que teria desenvolvido os sintomas da doença
após entrar em contato com a irmã.
A doença permanece em investigação pelo Ministério da Saúde. Amostras
foram enviadas a um laboratório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças
(CDC, em inglês), nos Estados Unidos, ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e
para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.