terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Falha humana e mau tempo causaram acidente de avião de Eduardo Campos

Uma falha humana, aliada às más condições climáticas, foi responsável pelo acidente que matou Eduardo Campos e outras seis pessoas que estavam com ele no avião que caiu em uma área residencial de Santos, no litoral paulista, em agosto do ano passado.
Foto; reprodução
É o que consta no relatório divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), nesta terça-feira (19), em coletiva de imprensa em Brasília. A conclusão foi elaborada por 18 especialistas, baseados na análise do conteúdo das caixas-pretas da aeronave e em vídeos obtidos durante a investigação. 
Foto: reprodução

Os familiares das vítimas foram os primeiros a terem acesso ao documento, no início da tarde. Além de Campos, morreram no acidente o assessor de imprensa do então candidato à presidência, Carlos Percol; o assessor Pedro Valladares Neto; o cinegrafista Marcelo Lyra; o fotógrafo Alexandre Severo; o piloto Marcos Martins; e o copiloto Geraldo M. P. da Cunha.  

De acordo com o documento, gravações de voz do piloto Martins evidenciam que ele estava cansado no voo que levou ao acidente. "Pela primeira vez no Brasil foi usado um sistema para verificar a voz do piloto e foi percebido voz dele fadiga e sonolência", disse o Tenente-Coronel Raul de Souza durante a apresentação do relatório. 
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O Cenipa afirma que, na semana anterior ao acidente, entre os dias 1º e 5 de agosto, tanto piloto quanto co-piloto feriram a Lei do Aeronauta ao não descansar por um período de 12 horas entre um voo e outro, o que pode ter ocorrido novamente na manhã do acidente. 
Além disso, documentos mostram que o co-piloto Geraldo M. P. da Cunha não tinha treinamento para pilotar o Cessna 560XL, procedimento obrigatório para isso. Isso teria impedido que ele assumisse o comando da aeronave diante do cansaço de Martins, que teria reclamado da postura profissional de Cunha semanas antes da tragédia. 
Tragédia na política
O acidente ocorreu na manhã de uma quinta-feira, 13 de agosto, em data em que Campos cumpriria agenda de campanha na cidade litorânea, com compromissos ao longo de todo o dia. Na ocasião, o petebista despontava como forte nome na disputa presidencial, na qual aparecia, ao lado de sua então vice Marina Silva, como uma terceira via aos eleitores em um pleito com Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) como principais candidatos. 

Chovia muito no momento do acidente. De acordo com testemunhas, uma bola de fogo se formou em torno do avião antes de sua queda, ocorrida no quintal de uma casa abandonada no bairro do Boqueirão, na região leste de Santos. No total, dez pessoas que estavam em solo ficaram feridas. 
Campos morreu exatamente na mesma semana em que completou 49 anos. Dias antes, pesquisa elaborada pelo Ibope mostrava o petebista com 9% das intenções de voto – bem atrás de Dilma, então com 38%, e Aécio, com 23%. 
Sua morte levou o cenário eleitoral a esquentar, com Marina assumindo a candidatura e, na sequência, chegando à segunda posição, de acordo com o mesmo instituto, com 21% dos votos. Na reta final, no entanto, o tucano recuperou o eleitorado e acabou indo ao segundo turno contra a petista, com um total de 33,5% dos votos. 
Em janeiro de 2015, o Cenipa divulgou as primeiras informações sobre a investigação do acidente com a aeronave de matrícula PR-AFA. O órgão descartou hipóteses de colisão com aves, drones ou aeronaves.
“O avião não estava voando invertido antes da queda e os motores estavam funcionando no momento do impacto com o solo. Além disso, os pilotos fizeram rota diferente do previsto na carta de aproximação por instrumentos para pouso na Base Aérea de Santos", descreveu na ocasião.

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