segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Taxa de homicídio de cidades baianas é equivalente a dos países mais violentos do mundo

Foto: reprodução
Em troca de dinheiro, um homem abandona uma cabeça humana no centro da cidade, alardeando mais um assassinato cometido por uma facção criminosa. A cena parece a de um país em guerra, mas ocorreu em Porto Seguro, em dezembro de 2014, ano em que a taxa de homicídio na cidade do Sul da Bahia (86,5) quase atinge o indicador de Honduras, país onde mais se mata no mundo, com 90 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
No comparativo em número de homicídios, a nossa Venezuela fica ali, em Feira de Santana – ambos têm taxa de 54 casos por 100 mil habitantes. Já Juazeiro, Vitória da Conquista e Salvador conseguem, isoladamente, registrar mais homicídios que a Guatemala, país onde 60% dos cidadãos possuem arma de fogo. 
Enquanto o Brasil, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), é responsável por 10% das mortes violentas do mundo, a Bahia concentrou, segundo dados preliminares do Ministério da Justiça, divulgados no mês passado, 11% dos homicídios confirmados no país em 2014.

No caso da Venezuela, há uma onda de violência que estaria ligada também ao narcotráfico e crimes diversos praticados com armas de fogo. Apesar do plano de desarmamento da população, anunciado pelo presidente Nicolás Maduro, a taxa no país da sul-americano é a segunda maior do mundo.
O país, porém, ficaria bem atrás num ranking, caso, além de Feira, Simões Filho (84,3), Camaçari (77,1), Lauro de Freitas (77,1),  Ilhéus (62) e Itabuna (69) fossem países. Para tentar cair no ranqueamento, a  prefeitura de Itabuna criou o programa Cidade de Paz.
A ideia é o envolvimento dos jovens em atividades culturais e esportivas, além de incluir ações de combate ao crack. “Em 2012, a sensação de insegurança aqui era muito grande. Isso tem diminuído, mas ainda são preocupantes o uso e o tráfico de drogas, que resultam em tantas mortes”, afirmou o vice-prefeito Wenceslau Júnior. 

Economias cresceram, mas violência persiste

Coordenador do curso de Relações Internacionais da Unijorge, o professor Matheus Souza vê um paradoxo entre os avanços econômicos observados na América Latina, incluindo o Brasil, e o fato de a região ter os cinco países com maior taxa de homicídio do mundo.

“Apesar dos avanços econômicos que podem ser observados na região, paradoxalmente, não tem significado uma redução drástica dos níveis de violência, boa parte associados ao tráfico de drogas”, apontou. 

Souza lembra que, tanto na Bahia, quanto nos países da América Central e Venezuela, o combate ao narcotráfico tem sido ineficiente e o quadro pode ser muito mais alarmante do que os números indicam.
“Muitas vítimas não se sentem seguras em denunciar. É um quadro desastroso. Apesar dos mecanismos, das delegacias especializadas, muitas vezes, os tentáculos do crime são grandes e se incorporam ao sistema”, disse.

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