terça-feira, 3 de março de 2015

O sigilo ameaçado

O governo dos EUA insiste no acesso a dados protegidos


Foto: reprodução
A tensão crescente entre empresas de tecnologia e as agências de inteligência dos Estados Unidos ficou escancarada numa discussão entre o chefe de segurança do Yahoo!, Alex Stamos, e o diretor da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), almirante Mike Rogers, durante uma conferência na segunda-feira 23. Stamos criticava a posição do governo americano de que pontos de acesso deveriam ser inseridos em códigos criptográficos pelas empresas de tecnologia para que órgãos governamentais pudessem obter conteúdo sigiloso sob a égide da “segurança nacional”.
“Então, se vamos incluir esses pontos de acesso para o governo americano, o senhor acredita que deveríamos fazer o mesmo para os governos interessados nos outros 1,3 bilhão de usuários que temos ao redor do mundo, como os governos chinês, russo, saudita, israelense ou francês? Para quais desses países deveríamos disponibilizar acessos semelhantes?”, perguntou Stamos ao diretor da NSA, que respondeu que acreditava que o governo e as empresas poderiam “trabalhar nessa direção”. Stamos replicou que tinha certeza “de que os chineses e os russos pensam a mesma coisa”.
Mais adiante, o almirante Rogers disse que a NSA precisava de um modo de acessar dados criptografados se julgasse que algum dispositivo estivesse sendo usado “para fins criminosos ou, no meu caso, tivesse alguma relação com questões de espionagem internacional ou segurança nacional”. Acrescentou que era preciso criar uma estrutura legal onde isso pudesse ser feito, já que a NSA “não quer esconder nada”.
Ainda no tema da criptografia e da segurança de dados, novas revelações contidas nos documentos vazados por Edward Snowden e trazidas a público pelo Intercept (https://firstlook.org/theintercept/)  sugerem que tanto a NSA quanto a agência britânica GCHQ roubaram códigos criptográficos da holandesa Gemalto, fabricante da grande maioria dos chips SIM usados ao redor do mundo. A empresa negou a informação, mas tal falha de segurança poderia permitir que as agências de inteligência obtivessem informações sem precisar da anuência das empresas telefônicas associadas aos chips. Fica cada vez mais claro que a única comunicação segura é aquela entre duas pessoas frente a frente. E mesmo assim por meio de sussurros.
Informações cc - Acorda Cidade

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