sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Litoral norte corre risco de degradação ambiental

Foto: reprodução
A beleza de localidades paradisíacas como Massarandupió, Imbassaí e Praia do Forte atrai milhares de turistas para o litoral norte. Com a chegada do verão, o fluxo de pessoas na região aumenta. No entanto, toda essa demanda traz consigo uma grave preocupação: os riscos de degradação ao meio ambiente.

Somente para o período do  Réveillon, a média de veículos na Estrada do Coco (BA-099) era de 40 mil por dia, de acordo com  estimativa da Concessionária litoral norte, que é responsável pela rodovia. 

Apesar da proibição, são cada vez mais frequentes cenas como a de veículos motorizados transitando  pela faixa de areia das praias ou em dunas, o que ameaça banhistas, tartarugas marinhas e a vegetação nativa e preocupa ambientalistas, moradores e o poder público.
"Os impactos têm ocorrido desde a implantação da rodovia BA-099. Não há fiscalização. Não há multa. As pessoas fazem o que querem. A gente percebe que essas irregularidades estão crescendo. No verão, a situação se torna ainda mais preocupante", afirma a professora Matilde Gonçalvez.
Ela realizou um estudo  sobre uma série de degradações em localidades como Massarandupió, Porto de Sauipe e Subaúma, que fazem parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Litoral Norte. Nestes locais, banhistas invadem com veículos a faixa de areia.
Dentre os mais importantes ecossistemas dessa APA, estão a mata de restinga e o sistema de dunas e lagoas de Subaúma, o  de restingas e dunas de Massarandupió e da vila de Santo Antônio.
Tartarugas marinhas
A gravidade dos danos se torna ainda maior quando se focaliza na reprodução de tartarugas marinhas. Segundo o coordenador regional do projeto Tamar na Bahia, Gustave Lopez, por ano, ocorrem cerca de oito mil desovas de quatro espécies diferentes de tartarugas na faixa litorânea que se estende de Salvador a Mangue Seco, em Jandaíra.
"É uma área importante para o ciclo de vida das tartarugas porque é a parte onde há a maior quantidade de todo o Brasil. Isso exige uma série de cuidados, sobretudo com relação à ocupação costeira", destaca Lopez.
O problema é que a época da desova ocorre de setembro a março e abrange a estação de maior demanda na região. "Existe uma portaria do Ibama que proíbe o trânsito de veículos na faixa de areia. Atualmente, está na moda o uso de quadriciclos, mas há o risco de atropelar as fêmeas e filhotes ou compactar os ninhos, o que dificulta a saída dos filhotes para o mar", acrescenta o coordenador do projeto Tamar.
"Muitas vezes, esses veículos passam em alta velocidade. Uma criança quase foi atropelada em 2014. São turistas e donos de casas de veraneio com carros particulares", conta Matilde.

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