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A maior tragédia do país envolvendo uma aeronave de grande porte completa seis anos nesta quarta-feira (17). No dia 17 de julho de 2007, 199 pessoas que estavam a bordo do voo JJ-3054 da TAM morreram quando o avião que partiu de Porto Alegre rumo ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, não conseguiu parar durante o pouso e acabou explodindo ao colidir com um prédio. A maioria das vítimas era de gaúchos.
Faltando poucos dias para o julgamento, marcado para os dias 7 e 8 de agosto, familiares de vítimas da tragédia ainda guardam lembranças das pessoas que perderam no acidente.
"São dores eternas. A gente elabora a dor. Se acostuma com a ausência, mas existem momentos em que a dor vem novamente", disse Zeoni Warling, que perdeu uma filha de 19 anos no acidente.
Mesmo com tanto sofrimento, familiares e amigos das vítimas conseguiram forças e, organizados em uma associação, aguardam pelo julgamento. A mãe do advogado Luiz Fernando Soares Aquine tira da saudade o desejo de justiça.
"Nós não resistimos. Nos reunimos na associação. Um familiar consolando o outro. Resolvemos deixar as lágrimas de lado e gritar por justiça", disse Adi Soares.
A investigação do Ministério Público resultou na denúncia de três pessoas: o ex-diretor de segurança de voo da TAM, o ex-vice presidente de operações da companhia e a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Para os familiares das vítimas, pouca coisa melhorou no transporte aéreo brasileiro após seis anos da tragédia. Eles esperam que o julgamento marcado para agosto traga, além de punição aos responsáveis, um alerta para que as comunidades evitem novos acidentes.
"O que se investiu em infraestrutura, tanto em nível de usuário na parte de dentro do avião, como em nível de pista nos aeroportos, foi tudo uma conversa. Os aeroportos funcionam da mesma forma, ou até pior", afirmou Dario Scott, presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas.
A Justiça também analisa um pedido sobre os seguros pagos às famílias. De acordo com a Associação, o seguro está defasado. O valor deveria ser de R$ 130 mil, mas, na maioria dos casos, não passou de R$ 8 mil.
"Foi feito uma avaliação pela Anac e o valor foi corrigido em 2009, mas não chegou aos R$ 130 mil que deveria. Não chegou a R$ 40 mil. Eu perdi uma filha, mas teve gente que perdeu quem era responsável pela renda da família", disse o presidente da Associação.
Em nota, a TAM disse que não se pronuncia sobre o processo em andamento. Já a Anac afirma que medidas estão sendo tomadas, como a revisão de todos os regulamentos brasileiros de homologação aeronáutica, transformando-os em regulamentos brasileiros da aviação civil, com requisitos atualizados e alinhados às normas internacionais de segurança. Em relação às condições das pistas do Aeroporto de Congonhas, a Anac disse fazer um acompanhamento constante das condições de atrito e macrotextura em todos os aeroportos brasileiros.
Na decisão que marcou as datas para o julgamento, o juiz Márcio Assad Guardia, da 8ª Vara Criminal Federal de São Paulo, afirma que, primeiro, serão ouvidos na audiência as testemunhas de defesa, de acusação e os réus. Na mesma sessão, será proferida a sentença. O magistrado entendeu que não há razões para a "absolvição sumária" dos acusados, por isso determinou o prosseguimento do processo, com a marcação da audiência de instrução e julgamento.
No momento do acidente, chovia e o A320 da TAM estava com um de seus reversos (parte de seu sistema de freio) desativado. Os pilotos não conseguiram parar o Airbus, que atravessou a pista e foi bater em um prédio do outro lado da Avenida Washington Luís. A pista do aeroporto havia sido reformada e liberada havia 20 dias sem o grooving (ranhuras feitas para ajudar a frear os aviões). As informações são do G1.